segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Palmeiras perto do fundo do poço

O Palmeiras tem tudo pra conseguir a proeza de ser campeão da Copa do Brasil, e rebaixado no Campeonato Brasileiro, no mesmo ano. Disputar a Libertadores, e a Série B, em 2013. Nem mesmo a inauguração da Arena no segundo semestre do ano que vem pode ser considerada um atrativo. As manchas deixadas pelos cartolas nos últimos anos afastam os bons profissionais. Pouca gente quer se aventurar no time de Palestra Itália. A negativa de vários técnicos em assumir o lugar de Felipão é mais que emblemática.

O principal problema é recorrente e uma marca registrada: a política. Por ser ainda um clube de colônia os problemas se potencializam. A modernidade passa longe e o conservadorismo parece eterno, assim como a crise. Várias facções políticas, nestes períodos, assumiram o poder e foram incompetentes. Há uma clara demonstração de que não conseguem administrar o futebol. São várias rachaduras, pensamentos e filosofias distintas. Não há união. Muita gente trabalha contra o próprio clube de olho na cadeira superior e nos cargos. O futebol cada vez mais profissional não admite mais o amadorismo. Enquanto esses dirigentes e conselheiros não tiverem a humildade de reconhecer suas próprias incompetências, e o tamanho do buraco, a tendência é piorar cada vez mais.



O rebaixamento, cada vez mais próximo, é apenas mais uma aviso que a lição de 2002 não foi aprendida, ou digerida. Ainda não é o fundo do poço. O patrimônio que ainda resta é a paixão do torcedor, cada vez mais desanimado e pessimista. As novas gerações de torcedores estão ameaçadas. Isso sim poderá ser o fim de um grande clube. Não basta ter história e tradição.

As eleições diretas, ou seja, uma mudança na estrutura política, poderiam ser um alento. Mas se olharmos para o feudo que constitui o Conselho do Clube parece não ser a salvação. Talvez, a terceirização do futebol para um grupo de executivos, sem ligações políticas, possa ser uma saída. Porém, num clima onde a inveja, a falta de humildade, o amadorismo e o conservadorismo imperam é pura utopia.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Erros derrubam o Brasil diante dos EUA

A vitória americana no vôlei masculino diante do Brasil, por 3 sets a 1, acima de tudo foi justa. Demonstrou o quanto será equilibrada essa competição. Com atuações arrasadoras, sobretudo contra a fortíssima Rússia, os brazucas erraram demais. Estouraram a conta no saque e na defesa. Faltou um pouco de paciência no ataque e bloqueio, também. Os atuais campeões olímpicos não perdoam. A mecânica deles é bem armadinha e estudada. De qualquer maneira, vale a pena ressaltar que o resultado é normal, e corrigindo alguns erros vamos brigar em condições iguais com as outras favoritas. Achei que o Bernardinho demorou pra colocar o Giba, até pra dar mais ritmo ao nosso craque. Murilo jogou abaixo no seu normal, tanto na recepção, como principalmente no ataque. Ricardinho podia ter jogado mais, a partir do terceiro set. São dois líderes natos que carregam muita energia e experiência ao restante do grupo. Do outro lado, Priddy e Stanley lideram seu time, com muita potência no saque e inteligência nos ataques.



No basquete foi uma pena a derrota para a Rússia, numa última e improvável cesta. Apesar de alguns apagões - o que tem sido até corriqueiro - no geral o time de Magnano jogou bem. Porém, Leandrinho ainda não me convence. Na minha opinião joga sempre abaixo do seu potencial, e sem garra. A crítica que pode ser feita ao nosso técnico argentino são as inúmeras substituições. Assino embaixo do Mestre Wlamir Marques (comentarista dos canais ESPN). "Tem momentos que uma formação tem que pegar mais ritmo de jogo, ou o jogador. As vezes o cara entra muito frio, fica menos de 2 minutos em quadra e sai."



Grande momento de hoje foi, novamente, no judô onde Mayra Aguiar arrebatou o bronze, na categoria até 78kg. Quarta medalha do Brasil, terceira nesta modalidade. A lamentar a derrota na semifinal pra americana. Mayra tinha muitas chances de levar o ouro. Mas tá valendo e muito. Parabéns.



Na miúda e sem muito alarde o boxe brasileiro vai avançando. O capixaba Esquiva Falcão é nossa grande esperança na categoria até 75kg. Amanhã teremos medalha com Cielo nos 50 metros. Resta saber se será dourada. Grandes chances. Bruno Fratus pode surpreender.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Pegada de Campeão

A grande notícia desta terça-feira para o Brasil em Londres foi ressurgimento dos nossos craques do vôlei. A Seleção jogou num nível altíssimo, e arrasou a poderosa Rússia, por 3 a 0. Mais que o placar, e levando em consideração que os russos não jogaram mal, a pegada do grupo foi de campeão. Não só o time que foi homogêneo, bem armado e determinado. No banco, Bernardinho também brilhou e vibrou. Liderou sua equipe com a categoria que sempre teve. Os atletas assimilaram o golpe da Liga Mundial de forma positiva, e entraram pra destruir mesmo.



Se lembrarmos das campanhas brilhantes de 92 e 2004 deu pra sentir que esse time pode repetir o feito. Pra isso, tem que manter esse nível já que a competição é bastante equilibrada e traiçoeira. A vantagem que temos, além da qualidade técnica dentro e fora da quadra, é a experiência de um grupo altamente vencedor. Giba, que ainda será importantíssimo como sempre, sequer precisou ser muito utilizado. Cumpriu seu papel como grande líder que é, mesmo fora da quadra.



Um caso raro dentro do esporte brasileiro. O vôlei é a modalidade mais vitoriosa. E o trabalho psicológico não só do profissional da área, mas principalmente de Bernardinho que é referência. Ao contrário do Post anterior em que muitos brasileiros sucumbem à pressão e ao favoritismo.



Dá pra ficar animado e orgulhoso deste time.

O Brasil que perde a cabeça

São inúmeros os fracassos de atletas brasileiros favoritos numa Olimpíada. Só em Londres 2012 podemos colocar dois bons exemplos. O ginasta Diego Hipólito, apesar de não estar cotado como medalhista, admitiu que "amarelou" na prova de solo. E não foi a primeira vez. Sua irmã, Daniele sentiu o golpe familiar e cometeu o mesmo erro.



Nesta terça, o judoca Leandro Guilheiro, primeiro colocado do ranking mundial na sua categoria, ficou fora da disputa por medalhas. Os dois últimos combates foram decepcionantes. Parecia apático em plena Olimpíada, algo inaceitável. Em entrevista, argumentou que seus adversários o estudaram muito, o que é bastante previsível. Foi anulado e não conseguiu se impor. Será que fez uma preparação mental adequada?



Há tempos defendo a tese de que o esporte não é só físico e técnica. Tem que ter um preparo psicológico profundo, ainda mais para os favoritos que têm que lidar com a pressão da vitória. Parece que o brasileiro prefere ser a zebra e surpreender. Os atletas orientais, por exemplo, não tem tantos problemas com a fama ou favoritismo. Óbvio que a comparação parece até desleal já que há um componente cultural. No Brasil sobram e brotam talentos, mesmo sem uma política de base. Sobra improviso. É tudo na base da raça. Os cartolas esportivos precisam olhar para nossos atletas um sob outro prisma. Diz o velho ditado: "quem não tem cabeça, padece".



Vem aí uma Olimpíada em casa. Já pensou o tamanho da pressão? Tomara que o amarelo seja apenas simbólico, como uma das cores da nossa bandeira.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Choro de adolescente

Neste 3º dia de competições uma adolescente de apenas 15 anos fez história. A nadadora lituana Ruta Meilutyte conquistou a medalha de ouro nos 100 metros peito, superando a favorita americana Rebbeca Soni que ficou com a prata.



A conquista em si por se tratar de uma garota desprendida de experiência, favoritismo ou pressão já foi fenomenal. Mas a cena que ficará eternizada assim que bateu na raia como primeira colocada foi a emoção que tomou conta da adolescente. Ela não se conteve. Mesmo após o banho, e durante toda a premiação, não conseguiu sorrir. Apenas chorava e emocionou a todos nós. Lágrimas de um contexto que ela mesma não compreendia. A ficha vai demorar pra cair, porém um dia saberá o tamanho de sua vitória e o quanto foi marcante em Londres 2012. Simples assim.

sábado, 28 de julho de 2012

Londrinas - Um 1º dia inesquecível

Esse que é considerado oficialmente o 1º dia de competições dos Jogos Olímpicos de Londres entrou para a história do esporte brasileiro, com seu melhor desempenho. Foram 3 medalhas, uma de ouro, uma de prata e outra de bronze.


O maior feito foi da piauiense Sarah Menezes que conquistou o inédito ouro na categoria até 48kg. Melhor resultado olímpico de nossas judocas. Resultado de um duro trabalho da judoca, e principalmente da técnica Rosicléia Campos que há tempos tenta elevar o nível das brasileiras, e coloca num patamar importante da modalidade. Vem mais medalha por aí.


Felipe Kitadai, campeão pan-americano de 2011, em Guadalajara, levou o bronze na categoria até 60kg, surpreendendo a própria CBJ, já que não era considerado favorito a conquistar medalha. Kitadai, campeão pan-americano de Guadalajara 2011, ficou conhecido por defecar em meio a um combate por conta de uma indisposição estomacal.

O maior medalhista brasileiro em Pan-Americanos, o nadador Thiago Pereira, finalmente conquistou sua primeira medalha olímpica - prata nos 400 metros medley. Thiago fez uma grande prova a partir do nado de peito, e chegou atrás daquele que promete ser o novo fenômeno da natação em Londres, o norte-americano, Ryan Lochte. Quem decepcionou foi o lendário Michael Phelps dono do recorde de 14 medalhas de ouro em Olimpíadas. Phelps chegou em 4º lugar, fora do pódio e classificou assim seu desempenho: "foi uma prova de merda".

A se destacar também a vitória da dupla brasileira de tênis formada por Marcelo Mello e Bruno Soares que derrubou John Isner e Andy Roddick, em pleno piso de grama, que sempre favoreceu o jogo dos americanos. Placar incontestável de 6/2 e 6/4. Thomaz Bellucci e André Sá caíram frente aos favoritos ao título, os também americanos Mike and Bob Bryan, por 2 sets a 1.


Aproveito pra cumprimentar ao eterno Garotinho Osmar Santos, gênio das narrações esportivas, que completa mais um aniversário. Tive a honra e o privilégio de trabalhar com o Pai da Matéria na equipe Record/Gazeta. Muita saúde e muitos anos de vida.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pitacos Londrinos - abertura

Hoje é o dia da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Nada mais justo que voltar ao blog pra dar uns pitacos londrinos. Fato raro desta Olimpíada é eu apenas assistir, sem estar trabalhando. O que vai ser bom pra me divertir, como a maioria das pessoas, sem aquele compromisso profissional.

As competições de futebol já começaram (aliás, o futebol é um peixe fora d'água). O feminino até convenceu contra a fraquíssima seleção de Camarões. Cristiane começou como reserva e mostrou que tem que ser titular. Já os meninos que correm atrás do inédito ouro convenceram apenas no 1º tempo. Mano Menezes pedia calma quando o time acelerava as jogadas verticais. Sono garantido pro segundo tempo, quando o Egito quase empatou. Tem técnicos conservadores que adoram estragar um jogo. Tô de olho no Mano. Meia Oscar, negociado com o Chelsea, demonstrou muita personalidade e foi o melhor do time. Já o zagueiro Juan é o calcanhar de aquiles da seleção. Por enquanto, a grande zebra foi a derrota espanhola para o Japão.



Grande expectativa pra cerimônia de abertura na terra do melhor rock. Presença garantida de Paul McCartney. Há fortes rumores de que haverá uma grande surpresa. Poderiam fazer ressurgir os Beatles. Ringo é quase certo. Mas o espetáculo que promete seria holográfico com as "presenças" de John Lennon e George Harrison. Seria histórico, inesquecível e futurista. Tomara.



Amanhã começam as competições de judô onde o Brasil estará muito bem representado, inclusive no feminino. A preparação foi das melhores e deveremos conquistar nossa primeira medalha entre as judocas. Leandro Guilheiro (foto) é um dos grandes favoritos à medalha dourada por ser o líder do ranking mundial na categoria até 81 kg. São 14 atletas brazucas, e com perspectivas conservadoras de pelo menos 2 medalhas de ouro nesta modalidade.

domingo, 15 de abril de 2012

Projeto de rádio da ESPN completa 5 anos

Dia 14 de abril, além do Centenário do Santos e do Titanic, essa data é emblemática para o rádio esportivo brasileiro. Neste mesmo dia, em 2007, colocamos no ar a 1ª transmissão da então equipe Eldorado/ESPN, justamente num jogo do Santos contra o Bragantino, pelas semifinais do Paulistão daquele ano. A caçulinha do rádio veio pra ficar.


Me lembro bem do dia 17 de fevereiro, meu primeiro dia de trabalho na ESPN, não havia uma mesa específica, ou computador para o novo departamento que estava sendo criado. Havia um pequeno espaço no andar de cima, onde haveria uma sala da coordenação, e uma ilha de edição desativada que se transformaria no estúdio. O contrato entre a ESPN e a rádio Eldorado sequer estava assinado. Entretanto, a confiança de José Trajano era tão grande que começamos a esboçar os nomes daqueles que formariam nossa equipe, e tínhamos muito pouco tempo.


De repente tudo foi acertado. Havia pressa de todas as partes. Todos estavam muito ansiosos. A estrutura física das duas pontas da parceira tinha que ficar pronta, rapidamente. Como seria a equipe? Quem da TV seria aproveitado? Quem seria contratado? Qual parte da parceria seria responsável pelo que? Tudo isso e muito mais foi resolvido em apenas 57 dias, quando finalmente entramos no ar. Num primeiro momento ficamos apenas no AM 700, para posteriormente, numa outra parceria paralela, entrar a FM 107,3 (antiga Brasil 2000).


A ideia de um projeto de rádio na ESPN era antiga e José Trajano, então diretor de jornalismo da ESPN Brasil, resolveu concretizá-la. Passar de um canal de TV para um grupo de comunicação que agregasse todas as mídias era o objetivo final. E isso foi feito. Hoje existem 3 canais de TV (sendo 1 HD), a rádio, o site, e a revista. A marca ESPN no Brasil cresceu e muito nos últimos anos. A rádio deu uma enorme contribuição por ser um instrumento de livre acesso, ou seja, o fã de esportes (como é denominado o ouvinte, telespectador, internauta ou leitor) através das ondas do rádio, e sem pagar nada por isso, ouviu e ouve milhares de vezes a palavra ESPN.


No dia 27 de março de 2011, a parceria ganhou novos rumos. Ficou encorpada. A ESPN passou a ser o nome da rádio. A tradicionalíssima Eldorado deixou de existir. O Grupo Estado de São Paulo resolveu colocar a marca na nova emissora. A sintonia da FM foi trocada para os 92,9. Vieram os programas esportivos. Novos profissionais foram incorporados à equipe, e a integração das mídias da ESPN está cada vez mais marcante. O jornalismo ganhou uma nova programação. Tudo cresceu.

Surgia a All News, Estadão/ESPN.




sábado, 7 de abril de 2012

O Retorno

Eis que decido reativar este meu blog pessoal, após quase 4 anos. Neste meio tempo, migrei o blog para o site da ESPN Brasil, o que foi um grande aprendizado. Já faz quase 2 anos que interrompi essa ferramenta de comunicação por diversos motivos: saturação de blogs, de trabalho, a chatice de algumas malas que não se contentam em ter uma opinião diferente e preferem ofender, etc. Tá mas aí senti a necessidade de escrever sobre diversos assuntos, sem tanta obrigação, e por isso este espaço está de volta.



E justamente hoje, dia 7 de abril, dia do jornalista. "Comemorado" em homenagem a Líbero Badaró, jornalista italiano que veio ao Brasil aos 28 anos, e pregava o simples: a liberdade de expressão, e dos cidadãos.

Parabéns aos colegas.