sexta-feira, 7 de março de 2008

Bilhete para Valdívia, por Armando Nogueira


Mais uma obra prima do Mestre Armando Nogueira, publicada no jornal Lance!


Valdivia meu caro. Não preciso conhecer-te pessoalmente para tomar a liberdade de escrever-te este bilhete. Fiquei sabendo que o pau anda cantando nas tuas canelas e que tu estarias tomando essas agressões como coisa pessoal. Talvez alguns jogadores que não vão com a tua cara. Pode até ser, mas não esquenta. Posso te garantir que a bronca é antiga. Mas, sou capaz de jurar que a birra é contra o drible. Os medíocres detestam o drible.

Quando o futebol apareceu no mundo se chamava “jogo do drible”. Por ai já se vê que a intenção dos inventores era fazer desse esporte um passatempo cheio de graça.
Acontece que o drible não é como o sol que nasceu para todos. O drible acabaria se tornando um privilégio. Só os eleitos merecem o dom que, por sinal, os deuses te concederam. O drible é uma invenção que nasce do coração. O driblador é um poeta.

Quando um brucutu te dá um pontapé, ele não está agredindo apenas e tão somente o cidadão Valdivia; ele está afrontando toda uma dinastia que foi canonizada pelas canelas de Stanley Mattews, de Garrincha, de Zico, de Júlio Botelho, de Maradona e de tantos outros apóstolos do evangelho do drible.


Alguém discorda?

Nenhum comentário: